O Que é Locução Verbal? Entenda

Conceito Básico

A locução verbal é uma combinação de dois ou mais verbos que funcionam como um único núcleo verbal na oração. Normalmente, ela é composta por um verbo auxiliar e um verbo principal. O verbo auxiliar é aquele que indica tempo, modo, voz ou aspecto, enquanto o verbo principal é o responsável por trazer o significado central da ação. Um exemplo comum é: “Ele vai estudar para a prova hoje.” Nesse caso, o verbo “vai” é o auxiliar e “estudar” é o verbo principal, formando juntos a locução verbal que expressa uma ideia de futuro.

A locução verbal é amplamente utilizada na língua portuguesa porque permite construir diferentes nuances de tempo e aspecto em uma frase, ampliando a capacidade de expressão e tornando o discurso mais dinâmico e flexível.

Estrutura da Locução Verbal

A estrutura básica de uma locução verbal inclui um verbo auxiliar, que pode ser um verbo como “estar”, “ter”, “haver”, “ir”, entre outros, seguido do verbo principal, que pode estar em formas nominais, como infinitivo, gerúndio ou particípio. Por exemplo:

  • Infinitivo: “Ela vai cantar na festa.”
  • Gerúndio: “Estamos conversando agora.”
  • Particípio: “Ele tinha terminado a tarefa antes do prazo.”

O verbo auxiliar também é responsável por indicar se a ação está sendo expressa em voz ativa ou passiva, como em: “O projeto foi concluído com sucesso.”

Função na Língua Portuguesa

A principal função da locução verbal é adicionar precisão temporal, modal e aspectual ao verbo principal, ajudando a expressar continuidade, anterioridade, futuro próximo e outros aspectos da ação. Além disso, as locuções verbais permitem a criação de construções mais elaboradas sem perder a clareza.

Outro ponto importante é que, por meio das locuções verbais, é possível construir ideias que transmitem condições, hipóteses e desejos com mais facilidade. Por exemplo: “Se eu pudesse viajar, iria agora mesmo.” Nessa construção, a locução “pudesse viajar” expressa uma ideia de possibilidade e desejo.

Dessa forma, as locuções verbais são ferramentas essenciais para enriquecer a comunicação, tornando as mensagens mais completas e detalhadas em diferentes contextos linguísticos.

Componentes da Locução Verbal

Verbo Auxiliar

O verbo auxiliar é um dos elementos fundamentais na composição de uma locução verbal. Ele tem a função de indicar o tempo, o modo, a voz ou o aspecto da ação descrita pelo verbo principal. Os verbos auxiliares mais comuns na língua portuguesa são “ser”, “estar”, “ter”, “haver” e “ir”. Por exemplo, na frase “Ela estava escrevendo um livro”, o verbo “estava” é o auxiliar, sinalizando que a ação está em andamento no passado.

Além de indicar o contexto temporal ou modal da ação, o verbo auxiliar também pode ser usado para construir a voz passiva em frases, como em “O texto foi revisado pela professora.” Nesse caso, o verbo “foi” indica uma ação sofrida pelo sujeito, transformando a estrutura verbal em uma forma passiva. Portanto, o verbo auxiliar desempenha um papel essencial ao fornecer informações adicionais e moldar o sentido global da locução verbal.

Verbo Principal

O verbo principal é aquele que carrega o significado central da ação, estado ou processo descrito na frase. É ele que expressa o “o quê” está acontecendo. Diferente do verbo auxiliar, o verbo principal não sofre mudanças para indicar tempo ou aspecto diretamente, sendo complementado pelo verbo auxiliar para formar a locução verbal.

Por exemplo, na frase “Eles vão viajar amanhã”, o verbo “viajar” é o verbo principal, pois indica a ação que será realizada. Já o verbo “vão” é o auxiliar que indica o tempo futuro da ação. Sem o verbo principal, a locução verbal perderia seu propósito, já que ele é a base do significado na construção.

Formas Nominais do Verbo

O verbo principal na locução verbal pode aparecer nas chamadas formas nominais do verbo: infinitivo, gerúndio ou particípio. Essas formas são essenciais para a construção da locução e determinam como a ação será interpretada dentro do contexto.

  • Infinitivo: Expressa uma ação de forma mais abstrata, sem delimitação de tempo. Exemplo: “Ele vai estudar à noite.”
  • Gerúndio: Indica uma ação em andamento ou contínua. Exemplo: “Estávamos conversando durante a reunião.”
  • Particípio: Geralmente usado para indicar ações finalizadas ou em construção passiva. Exemplo: “O relatório tinha sido enviado antes do prazo.”

Cada uma dessas formas nominais adiciona um aspecto específico à locução verbal, permitindo descrever ações de forma clara e contextualizada. Dessa maneira, o uso correto das formas nominais é essencial para compor frases ricas e precisas.

Tipos de Locuções Verbais

Locuções com Verbos Auxiliares de Tempo

As locuções verbais com verbos auxiliares de tempo são responsáveis por indicar quando a ação ocorre, delimitando seu contexto temporal. Os verbos auxiliares mais comuns nesse caso são “ir”, “ter”, “haver” e “ser”. Por exemplo, na frase “Ele vai estudar amanhã”, o verbo “vai” é um auxiliar que expressa um evento futuro.

Outro exemplo de locução temporal é “Ela tinha concluído o projeto antes do prazo”. Nesse caso, o verbo “tinha” indica uma ação passada e anterior a outro evento. Dessa forma, o uso de verbos auxiliares de tempo é essencial para situar o leitor em relação ao momento em que a ação se desenrola, permitindo a construção de frases no passado, presente ou futuro com maior precisão.

Locuções com Verbos Auxiliares Modais

As locuções verbais com verbos auxiliares modais indicam possibilidade, necessidade, obrigação ou intenção em relação à ação descrita pelo verbo principal. Verbos como “poder”, “dever”, “precisar” e “querer” são exemplos de verbos auxiliares modais.

Por exemplo: “Você pode descansar depois da reunião.” Nesse caso, o verbo “pode” expressa uma permissão ou possibilidade. Já em “Eles devem terminar o relatório até amanhã”, o verbo “devem” indica uma obrigação ou dever. Esse tipo de locução verbal é crucial para transmitir nuances de atitudes, desejos ou compromissos relacionados à ação principal.

Locuções com Verbos Auxiliares Aspectuais

As locuções verbais com verbos auxiliares aspectuais destacam o aspecto da ação, ou seja, se ela está em progresso, concluída ou prestes a acontecer. Verbos como “começar”, “continuar”, “parar”, “andar” e “estar” desempenham esse papel.

Por exemplo: “Ele começou a estudar cedo hoje.” Aqui, o verbo “começou” sinaliza o início da ação. Já em “Eles estavam assistindo ao filme quando chegaram visitas”, o verbo “estavam” indica uma ação em andamento no passado. Além disso, frases como “Ela acabou de sair utilizam o verbo “acabou” para indicar que a ação foi concluída recentemente.

Essas construções são amplamente utilizadas no português para enriquecer a narrativa e conferir mais detalhes sobre a duração, início ou término das ações descritas, tornando o discurso mais claro e expressivo.

Formação das Locuções Verbais

Combinações Comuns de Verbos

Nas locuções verbais, algumas combinações de verbos auxiliares e principais são mais frequentes na comunicação cotidiana e nos registros formais da língua portuguesa. Verbos como “estar” + gerúndio e “ter” ou “haver” + particípio são amplamente utilizados para formar tempos compostos. Exemplos incluem: “Ele está lendo um artigo interessante” (indica uma ação em andamento) e “Ela tinha terminado o relatório cedo” (indica uma ação passada já concluída).

Além disso, combinações modais como “poder” + infinitivo (“Você pode sair mais cedo hoje”) ou “dever” + infinitivo (“Nós devemos entregar o trabalho amanhã”) são recorrentes para expressar permissão, capacidade ou obrigação. Essas estruturas enriquecem a linguagem, oferecendo variações importantes para descrever atitudes e situações de maneira mais precisa.

Regras de Concordância

A concordância verbal em locuções verbais segue a regra de que o verbo auxiliar deve concordar em número e pessoa com o sujeito da oração. Por exemplo, na frase “Eles estão trabalhando em um novo projeto”, o verbo auxiliar “estão” está na terceira pessoa do plural, concordando com o sujeito “eles”.

Por outro lado, o verbo principal permanece na forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio), sem sofrer variações de concordância. Isso significa que, em frases como “Nós teríamos viajado se fosse possível”, apenas o verbo “teríamos” é flexionado, enquanto “viajado” mantém sua forma fixa de particípio. Esse padrão garante clareza e coesão ao uso das locuções verbais.

Flexões Possíveis

As flexões que ocorrem em uma locução verbal recaem apenas sobre o verbo auxiliar, abrangendo tempo, modo, número e pessoa. O verbo principal permanece invariável, seguindo sua forma nominal. Por exemplo:

  • Presente: “Ela está aprendendo rápido.”
  • Passado: “Eles tinham corrido a maratona.”
  • Futuro: “Nós vamos descansar amanhã.”

As variações modais também influenciam a estrutura, como nas frases “Ele deveria estudar mais” (modo condicional) ou “Se você pudesse ir, seria ótimo” (modo subjuntivo). Dessa forma, a flexibilidade das locuções verbais permite construir diferentes sentidos e se adaptar às necessidades comunicativas do discurso, sem alterar a essência da ação principal.

Usos da Locução Verbal

Expressão de Tempo

A locução verbal é uma das principais formas de expressar o tempo verbal de maneira clara e precisa na língua portuguesa. Por meio da combinação de verbos auxiliares e principais, é possível situar uma ação no passado, presente ou futuro com diferentes nuances. Por exemplo, na frase “Ele vai viajar amanhã”, a locução “vai viajar” indica um evento futuro. Já em “Eles haviam saído antes da chuva começar”, a locução “haviam saído” situa a ação em um passado anterior a outro evento.

Além disso, as locuções permitem construir tempos compostos para expressar ações passadas contínuas ou pontuais, como em “Eu estava estudando quando o telefone tocou”. Assim, as locuções verbais desempenham um papel essencial ao organizar a sequência temporal das ações e destacar a relação entre diferentes momentos no discurso.

Indicação de Aspecto

As locuções verbais também são amplamente utilizadas para indicar o aspecto verbal, ou seja, a forma como a ação é apresentada em relação à sua duração, conclusão ou repetição. O aspecto pode ser incoativo (ação que está começando), durativo (ação em andamento) ou perfeito (ação concluída).

Por exemplo, em “Ela começou a trabalhar cedo”, a locução indica o início da ação. Em “Eles estão lendo um artigo interessante”, a ideia é de continuidade. Já na frase “O projeto tinha sido entregue antes do prazo”, o aspecto é de conclusão de uma ação no passado. Dessa forma, o aspecto verbal traz uma dimensão importante à narrativa, mostrando se a ação está em progresso, finalizada ou ainda em seus primeiros momentos.

Transmissão de Modalidade

Outra função relevante das locuções verbais é a transmissão de modalidade, que se refere à expressão de possibilidade, obrigação, desejo ou permissão. Verbos como “poder”, “dever”, “precisar” e “querer” são frequentemente utilizados como auxiliares modais para enriquecer o sentido da ação.

Por exemplo, em “Você pode sair mais cedo hoje”, o verbo “pode” expressa permissão ou possibilidade. Já em “Nós devemos concluir o relatório até amanhã”, o verbo “devemos” indica uma obrigação. A modalidade também permite criar construções com hipóteses e desejos, como em “Se eu pudesse viajar, iria hoje mesmo”. Esse uso torna o discurso mais complexo e capaz de transmitir emoções, intenções e circunstâncias, ampliando o alcance expressivo da comunicação.

Diferenças entre Locução Verbal e Tempo Composto

Características Distintivas

A locução verbal se destaca por ser uma construção formada pela união de dois ou mais verbos, onde cada elemento desempenha uma função específica. O verbo auxiliar é responsável por indicar o tempo verbal, modo ou aspecto da ação, enquanto o verbo principal mantém o significado central. A locução verbal possibilita criar formas compostas que expressam ações em andamento, concluídas ou prestes a acontecer.

Outra característica importante é que o verbo principal sempre aparece em uma forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio). Além disso, a locução verbal costuma ser usada em situações que exigem maior precisão temporal ou modal, como ao relatar eventos passados com anterioridade (“Eu tinha saído antes do amanhecer”) ou ao demonstrar intenção de realizar algo no futuro próximo (“Eles vão viajar em breve”).

Exemplos Comparativos

Para entender melhor as locuções verbais, é útil compará-las com formas verbais simples:

  • Forma verbal simples: “Ela estudou para a prova.”
  • Locução verbal: “Ela estava estudando quando foi interrompida.”

No primeiro exemplo, “estudou” é uma forma verbal simples que indica uma ação pontual no passado. Já na locução “estava estudando”, o verbo “estava” funciona como auxiliar e, junto com “estudando”, expressa uma ação contínua no passado.

Outro exemplo:

  • Verbo simples: “Ele partirá amanhã.”
  • Locução verbal: “Ele vai partir amanhã.”

Ambas as frases indicam uma ação futura, mas “vai partir” sugere um futuro mais imediato ou planejado. Isso mostra como a locução verbal pode acrescentar nuances ao discurso.

Contextos de Uso

As locuções verbais são amplamente utilizadas em diversos contextos de comunicação. Em situações cotidianas, elas aparecem para indicar ações imediatas ou futuras de maneira mais natural e dinâmica, como em “Eu vou sair agora” ou “Eles estão preparando o almoço”.

Em textos formais ou narrativas literárias, as locuções verbais são usadas para enriquecer a descrição dos eventos, como em “Ele tinha percorrido uma longa jornada antes de encontrar o vilarejo”. Essa construção evidencia uma relação temporal mais complexa, demonstrando a riqueza das locuções verbais para construir narrativas detalhadas e precisas, seja no discurso oral, acadêmico ou literário.

Locuções Verbais na Construção Textual

Enriquecimento da Expressão Escrita

As locuções verbais desempenham um papel fundamental no enriquecimento da expressão escrita, tornando o discurso mais fluido, dinâmico e repleto de nuances. Ao utilizar combinações de verbos auxiliares e principais, o escritor pode transmitir não apenas a ação em si, mas também informações contextuais sobre o tempo, a continuidade ou a conclusão da ação.

Por exemplo, ao invés de escrever “Ele estudou o dia inteiro”, pode-se optar por “Ele esteve estudando o dia inteiro”, destacando a ideia de duração e empenho. Esse uso agrega detalhes importantes que intensificam a narrativa e tornam o texto mais envolvente. Além disso, locuções verbais ajudam a evitar repetições de termos e expressões, permitindo a construção de frases mais diversificadas e ricas.

Variações Estilísticas

Outro ponto relevante das locuções verbais é a sua capacidade de criar variações estilísticas na escrita. Dependendo do verbo auxiliar escolhido, é possível construir diferentes efeitos de significado. Por exemplo, ao usar “Ele vai sair, transmite-se um tom direto e objetivo sobre uma ação futura. Já com “Ele estaria saindo, a ideia passa a ser de hipótese ou incerteza, o que modifica a carga expressiva da frase.

Essa flexibilidade permite que o autor explore diferentes registros e tons de linguagem, adaptando-se ao contexto — seja em uma conversa informal, uma narrativa literária ou um texto técnico. Dessa forma, as locuções verbais são ferramentas que ampliam o repertório estilístico, evitando monotonia e contribuindo para uma escrita mais expressiva e envolvente.

Precisão Semântica

A precisão semântica é outro benefício importante proporcionado pelas locuções verbais. Ao utilizar um verbo auxiliar adequado, é possível comunicar informações específicas sobre a natureza da ação. Por exemplo, em “Ele começou a escrever um livro”, a locução indica o início de uma ação, enquanto em “Ele tinha terminado o capítulo antes do prazo”, a ênfase é na conclusão antecipada de algo que já ocorreu.

Além disso, as locuções modais, como “dever fazer” ou “poder realizar”, são úteis para expressar noções de obrigação, permissão ou possibilidade, adicionando precisão ao sentido do texto. Isso permite ao escritor construir mensagens claras e específicas, reduzindo ambiguidades e garantindo que a ideia principal seja transmitida de forma fiel e compreensível ao leitor.

Análise Sintática das Locuções Verbais

Função na Oração

A locução verbal exerce a função de núcleo do predicado, assim como um verbo simples, mas com uma estrutura composta que adiciona complexidade ao enunciado. Na oração, a locução verbal descreve a ação, o estado ou o processo relacionado ao sujeito, podendo também indicar tempo, modo, aspecto e modalidade.

Por exemplo, em “Eles estavam discutindo a proposta com atenção”, a locução “estavam discutindo” funciona como o núcleo verbal e indica uma ação contínua no passado. Dessa forma, a função principal da locução verbal é fornecer maior precisão e detalhamento ao descrever o que está acontecendo na oração. Isso torna a locução verbal um recurso indispensável em construções que exigem descrições temporais mais complexas.

Relação com Outros Elementos Frasais

As locuções verbais estabelecem uma relação direta com outros elementos da frase, como o sujeito, os complementos e os adjuntos adverbiais. O verbo auxiliar deve sempre estar em concordância com o sujeito, enquanto o verbo principal permanece em uma forma nominal. Por exemplo, em “Nós vamos viajar amanhã”, o auxiliar “vamos” concorda com o sujeito “nós”, enquanto “viajar” permanece no infinitivo.

Além disso, a presença de locuções verbais muitas vezes influencia a colocação de pronomes e adjuntos. Em orações como “Ela estava se preparando para a apresentação”, o pronome reflexivo “se” está posicionado entre o auxiliar e o verbo principal, refletindo a forma contínua da ação. Essa relação harmoniosa entre os elementos é fundamental para manter a clareza e a coesão na construção da frase.

Particularidades na Análise

Ao analisar uma locução verbal, é importante observar que ela deve ser considerada como um todo, e não como dois elementos independentes. Embora haja uma separação clara entre o verbo auxiliar e o verbo principal, a função sintática permanece a mesma: ser o núcleo do predicado verbal.

Outro aspecto relevante é a identificação das nuances semânticas trazidas pelo auxiliar. Por exemplo, em “Eles podem chegar mais cedo”, a análise deve considerar que o verbo “podem” adiciona uma noção de possibilidade à ação de “chegar”. Da mesma forma, em “Eu deveria estudar mais”, a locução indica uma obrigação em tom de sugestão ou hipótese. Essas particularidades reforçam a importância de compreender a locução verbal como um conjunto coeso de palavras que, juntas, exercem uma função única na estrutura frasal.

Locuções Verbais em Diferentes Registros Linguísticos

Uso na Linguagem Formal

Na linguagem formal, as locuções verbais são amplamente utilizadas para construir frases com maior precisão temporal, modal e aspectual. Elas aparecem com frequência em textos acadêmicos, jurídicos, administrativos e literários, onde a clareza e a coerência são fundamentais. Por exemplo, em um relatório, pode-se usar “O departamento havia concluído as análises antes do prazo” para destacar a anterioridade de uma ação em relação a outro evento no passado.

Além disso, as locuções verbais permitem criar construções que transmitem hipóteses, recomendações ou possibilidades, como em “A empresa poderá realizar melhorias na próxima etapa”. Esse tipo de construção é essencial para indicar formalmente intenções futuras ou condições. No ambiente formal, as escolhas cuidadosas de auxiliares ajudam a criar um discurso mais objetivo e alinhado às regras de padrão culto da língua portuguesa.

Aplicações na Linguagem Coloquial

Na linguagem coloquial, as locuções verbais são amplamente empregadas de forma espontânea e simplificada. Elas permitem expressar ações de maneira natural e direta, como em “Eu vou sair mais cedo hoje” ou “Nós estamos esperando há muito tempo”. Nesse contexto, muitas vezes os tempos compostos com locuções verbais substituem formas simples que soariam mais rebuscadas, como “Eu partirei” por “Eu vou partir.

Outro uso recorrente na fala coloquial é a substituição de certos tempos verbais por expressões mais habituais e acessíveis, como “Ele vai trabalhar amanhã” em vez de “Ele trabalhará amanhã”. Essa simplificação reforça a ideia de proximidade e informalidade no discurso cotidiano.

Variações Regionais

As variações regionais também influenciam o uso das locuções verbais, especialmente na escolha de verbos auxiliares e na entonação das frases. Em algumas regiões do Brasil, por exemplo, o uso de “andar” como verbo auxiliar para expressar uma ação frequente ou contínua é bastante comum: “Ele anda dizendo que vai mudar de cidade.” Já em Portugal, é comum encontrar locuções verbais que utilizam formas compostas mais formais, como “Ele havia estado trabalhando na empresa por anos antes de sair”.

Outro exemplo de variação regional é a preferência por tempos compostos no lugar de formas simples. Enquanto em muitas regiões se diz “Eu tenho estudado bastante”, em outras, pode-se ouvir “Eu ando estudando bastante”. Essas diferenças enriquecem a diversidade da língua portuguesa e mostram como as locuções verbais podem se adaptar ao contexto geográfico e cultural, mantendo sua função essencial de transmitir nuances temporais, modais e aspectuais.

Erros Comuns no Uso de Locuções Verbais

Problemas de Concordância

Um dos erros mais comuns relacionados às locuções verbais é a falta de concordância entre o verbo auxiliar e o sujeito da oração. Como o verbo auxiliar deve ser flexionado para concordar em número e pessoa com o sujeito, erros como “Nós vai viajar amanhã” em vez de “Nós vamos viajar amanhã” acontecem com frequência, especialmente em situações de fala mais informal.

Outro tipo de problema ocorre quando o verbo principal é interpretado erroneamente como o elemento que deve ser flexionado. No entanto, em uma locução verbal, o verbo principal permanece invariável em sua forma nominal. Por exemplo, em “Eles tinham estudado a matéria”, apenas o auxiliar “tinham” sofre flexão, enquanto “estudado” permanece no particípio. Entender essa regra evita construções incorretas, como “Eles tinham estudando a matéria”.

Uso Inadequado de Preposições

O uso inadequado de preposições em locuções verbais também pode gerar ambiguidade ou construções incorretas. Muitas vezes, a preposição é exigida pela regência do verbo principal, e omiti-la ou incluí-la indevidamente compromete a clareza da frase. Por exemplo, na locução “Ele começou a trabalhar no projeto”, a preposição “a” é obrigatória, pois “começar” exige essa preposição quando acompanhado de um verbo no infinitivo.

Um erro comum é construir frases como “Ele começou trabalhar no projeto”, sem a preposição, ou “Ela precisa de estudar mais”, acrescentando uma preposição desnecessária. Conhecer as regras de regência verbal ajuda a evitar esses deslizes e torna a comunicação mais clara e precisa.

Confusão com Outras Estruturas Verbais

Outro desafio recorrente é a confusão entre locuções verbais e outras estruturas semelhantes, como perífrases verbais ou orações subordinadas verbais. É importante lembrar que uma locução verbal é composta por um verbo auxiliar e um verbo principal em forma nominal, funcionando juntos como um único núcleo verbal.

Por exemplo, na frase “Ela está lendo um livro interessante”, temos uma locução verbal. Já na frase “Ela disse que vai ler mais tarde”, trata-se de uma oração subordinada, pois “disse” e “vai ler” são verbos pertencentes a orações diferentes. Essa distinção é fundamental para evitar interpretações incorretas e garantir a análise correta da estrutura gramatical. Dessa forma, compreender as diferenças entre locuções verbais e outras formas compostas ajuda a fortalecer o domínio da gramática e a evitar confusões comuns.

As pessoas também perguntam

Qual a diferença entre locução verbal e perífrase verbal?

Embora frequentemente confundidas, locução verbal e perífrase verbal não são sinônimos, apesar de ambas serem construções com dois ou mais verbos. A locução verbal é uma estrutura composta por um verbo auxiliar e um verbo principal, funcionando juntos como um único núcleo verbal. Por exemplo: “Ela vai cantar na apresentação.”

Já a perífrase verbal é uma expressão mais ampla, que pode incluir outros elementos além do verbo e que, muitas vezes, adiciona uma carga de significação, como metáforas ou ideias interpretativas. Em linguística, algumas perífrases podem não ser obrigatoriamente locuções verbais, já que podem envolver diferentes formas de expressar aspectos verbais e não apenas combinações de verbos. Entretanto, no ensino básico, o termo “perífrase” é comumente usado como sinônimo de locução verbal, o que reforça a confusão.

Como identificar o verbo principal em uma locução verbal?

Para identificar o verbo principal em uma locução verbal, basta observar qual verbo traz o significado central da ação. Ele sempre estará em uma das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. Já o verbo auxiliar será aquele que indica o tempo, o modo ou o aspecto da ação, sendo flexionado de acordo com o sujeito da oração.

Por exemplo, na frase “Eles estão escrevendo um artigo científico”, o verbo principal é “escrevendo”, pois expressa a ação principal de “escrever”. Já “estão” é o verbo auxiliar, indicando que a ação está em andamento. Da mesma forma, em “Ela tinha terminado a apresentação”, o verbo principal “terminado” indica a ação concluída, enquanto “tinha” situa essa ação no passado.

Locuções verbais sempre indicam ações no futuro?

Não. As locuções verbais podem indicar ações em diferentes momentos no tempo — passado, presente ou futuro. A ideia de que elas sempre se referem ao futuro surge porque expressões como “vou fazer” ou “irá acontecer” são amplamente usadas para indicar ações futuras.

Entretanto, locuções como “Ele tinha concluído o trabalho antes da reunião” indicam um evento passado já finalizado, enquanto “Nós estamos estudando agora” mostra uma ação em curso no presente. Assim, as locuções verbais se adaptam ao contexto temporal e não estão restritas a uma única forma de indicar o tempo das ações, sendo extremamente versáteis e permitindo a construção de tempos compostos em várias situações.

É correto usar “a gente” com locução verbal?

Sim, é correto utilizar “a gente” com locuções verbais, desde que haja concordância adequada entre o verbo auxiliar e o sujeito. Embora “a gente” seja uma forma coloquial de referir-se à primeira pessoa do plural (nós), ele exige que o verbo esteja conjugado na terceira pessoa do singular.

Por exemplo:

  • Correto: “A gente vai viajar amanhã.”
  • Incorreto: “A gente vamos viajar amanhã.”

Nesse contexto, o verbo “vai” está corretamente flexionado na terceira pessoa do singular, como manda a norma padrão. Embora “nós” e “a gente” sejam sinônimos em uso, “a gente” sempre concorda com verbos no singular. Mesmo na fala cotidiana, esse cuidado evita erros comuns de concordância, especialmente em textos formais ou semiformais.

Quais são os verbos auxiliares mais comuns em locuções verbais?

Os verbos auxiliares mais usados em locuções verbais são aqueles que indicam tempo, modo, aspecto ou modalidade da ação descrita pelo verbo principal. Alguns dos verbos auxiliares mais recorrentes incluem:

  • “ser” e “estar”: utilizados para formar a voz passiva e expressar ações em andamento. Exemplo: “O projeto está sendo desenvolvido pela equipe.”
  • “ter” e “haver”: usados para formar tempos compostos. Exemplo: “Eles têm estudado bastante para a prova.”
  • “ir”: comumente usado para indicar ações futuras. Exemplo: “Nós vamos começar em breve.”
  • “dever”, “poder” e “precisar”: verbos modais que expressam obrigação, possibilidade ou necessidade. Exemplo: “Você deve entregar o relatório hoje.”

Esses auxiliares permitem construir uma grande variedade de locuções verbais, adaptando a frase ao contexto temporal, modal ou aspectual necessário. Combinados com o verbo principal, eles tornam a comunicação mais clara e expressiva, facilitando a transmissão de ideias complexas e detalhadas.

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